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2012 - Livro Vermelho 2013

Swietenia macrophylla King VU

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 03-05-2012

Criterio: A2cd

Avaliador: Pablo Viany Prieto

Revisor: Miguel d'Avila de Moraes

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

Swietenia macrophylla é atualmente a espécie madeireira mais valiosa e explorada do Brasil, já tendo sido extraída de forma predatória até mesmo em alguns locais remotos da Amazônia. A espécie apresenta baixas densidades populacionais, e sua distribuição coincide em grande parte com a região em que se concentram as mais altas taxas de desmatamento da Amazônia brasileira. Devido a esses fatores, suspeita-se que ao longo das últimas três gerações a população da espécie tenha declinado no mínimo em 30%.

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Swietenia macrophylla King;

Família: Meliaceae

Sinônimos:

  • > Swietenia krukovii ;
  • > Swietenia candollei ;
  • > Swietenia tessmannii ;
  • > Swietenia belizensis ;
  • > Swietenia tesomannii ;

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

Nome popular: mogno (Sakuragui; Stefano; Calazans, 2012). Swietenia Jacq. é um gênero de sementes aladas e fruto tipo cápsula septífraga (Swietenioideae) (Pennington et al., 1981). Nesta subfamília, Swietenia, Cedrela e Carapa ocorrem no Brasil (Sakuragui, Stefano; Calazans, 2012). O mogno S. macrophylla é uma árvore de folha caduca emergente e tem uma madeira dura. a revisão taxonômica mais importante e recente foi descrita por Pennington (1981). É interessante notar que esta espécie foi descrita pela primeira vez a partir de árvores coletadas na Índia, a qual está além das fronteiras naturais da espécie na América Latina. As quatro espécies descritas para a América Central e do Sul baseiam-se me pequenas diferenças de comprimento dos pecíolos e da forma e tamanho de folíolos. Mas sem razões para o status de variedade, foram sinonimizadas em S. macrophylla (Pennington, 1981).

Potêncial valor econômico

​É talvez a madeira mais valiosa de toda a América Latina (Pennington, 1981).

Dados populacionais

Em uma área de manejo florestal no sudeste do Pará, Grogan et al. (2010) mediram o crescimento e reprodução das árvores de mogno espalhadas por uma grande clareira aberta após a remoção da floresta e em clareira fortemente perturbada pelo corte seletivo de madeira e desbaste de copa. Muitas vezes o mogno é mantido após a supressão da floresta em áreas agrícolas e pastagens para produção de sementes e madeira. Eles descobriram que as árvores na clareira aberta morreram em taxas mais rápidas, cresceram mais lentamente e produziram menos frutos, embora a floração tenha se iniciado mais cedo, em média, do que as árvores da floresta explorada. A principal causa da mortalidade e danos causados nos troncos foram devidos ao "fogo de chão" na estação seca. Árvores de mogno em floresta explorada cresceram mais rapidamente do que floresta não perturbada, provavelmente devido a eliminação de cipós e lianas com a queima do "fogo de chão". Sem uma regulamentação eficaz no controle dos incêndios antropogênicos, as tentativas para a manejar as árvores remanescentes de mogno para a produção de madeira futuros ou para a restauração de populações comercialmente viáveis nesta região pode revelar-se inútil (Grogan et al., 2010). Barros et al. (1992) apud Newton et al. (2003) estimaram uma densidade média entre 0,2 a 0,6 m³/hectare para áreas de baixa a alta densidade, em sua ocorrência natural. No Acre, um inventário realizado em 1.847 hectares só foram encontrados 11 árvores de mogno (Ramalho, 2007). No sudeste do estado do Pará, a densidade foi estimada em 3 indivíduos por hectare, com DAP maior ou igual a 10 cm, com medições anteriores ao corte seletivo (Veríssimo et al., 1995 apud Grogan et al., 2002; Baima, 2001; Grogan, 2001). Fora dessas regiões as densidades são (ou eram, antes do corte) muito mais baixa, na ordem de uma árvore em 5 a 20 hectares (Grogan et al., 2002). Medidas de diferenciação genética indicam que existem diferenças significativas entre a maioria das populações e fornecem evidências de forte estrutura filogeográfica (Novick et al., 2003; Lemes et al., 2010).

Distribuição

Uma espécie com ampla distribuição neotropical, desde o Norte do Estado de Vera Cruz de Yucatán no México, e ao longo da encosta atlântica da América Central a Venezuela e Brasil. Também ocorre na Colômbia, Peru, Bolívia e Equador (Neotropical Herbarium Specimens; Tropicos.org; Pennington, 1981). No Brasil, ocorre nas regiões Norte (Pará, Amazonas, Acre, Rondônia), Nordeste (Bahia), Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal), Sudeste (Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro) e Sul (Paraná) (Sakuragui; Stefano; Calazans, 2012). A ocorrência de mogno fora dos limites de distribuição naturais se justifica na adaptação a ambientes mésicos da América Central e do Sul e pelo alto interesse em sua madeira nobre que favorecem seu cultivo em muitas regiões tropicais (Newton et al., 2003)

Ecologia

Árvores 35 a 40 m alt, podendo alcançar 55 ou 60 m e até 2m de diâmetro do tronco. Flores unissexuais (Penington, 1981), de copa grande, decídua e emergente, encontrada em toda a floresta tropical úmida e seca (Newton et al., 2003). Ocorre em florestas primárias e florestas secundárias tardias. Na floresta ombrófila densa e aberta da Amazônia e nos enclaves do Tocantins. Uma importante revisão das características ecológicas e silviculturais em mogno foi conduzida por Ramalho (2007). Tolera o mínimo de 1200 mm de precipitação anual e uma temperatura mínima de 6ºC. Suporta solos profundos mal drenados, solos argilosos ácidos e pantanosos, mesmo bem drenados em solos alcalinos (Ramalho, 2007). Em condições apropriadas de armazenamento (frio, 8 a 10ºC e 55 a 60% Umidade Relativa) as sementes em nove meses tem sua viabilidade reduzida em cerca de 16% (Lee; Garcia, 1997). Assim como em Cedrela fissilis, o mogno é vulnerável ao ataque de Hypsipyla grandella (nas Américas) e H. robusta (na Ásia) (Ramalho, 2007), as larvas se alimentam do meristema apical podendo diminuir a densidade populacional, especialmente em populações cultivadas em que a densidade é superior a encontrada na natureza, inclusive em viveiros de mudas. O valor comercial é reduzido em plantas infectadas pois causa bifurcação no caule (Gallo et al., 2002).

Ameaças

1.3.3.2 Selective logging
Severidade very high
Detalhes S. macrophylla é uma das espécies de mogno mais comercializada, embora em escala comercial apenas tenha surgido na década de 1850, devido ao declínio acentuado S. mahagoni. Atualmente há poucos incentivos na conjuntura econômica para manejo de populações naturais de forma sustentável e plantações não têm apresentados sucessos devido ao longo tempo para colheita e por causa do ataque de pragas, sobretudo a praga-do-cedro (Newton et al., 2003). No Brasil, a exploração de mogno tem sido frequentemente associada com práticas predatórias e ilegais pelas madeireiras. Mogno está ameaçado em toda sua extensão na América do Sul, resultante da sobre-explotação e destruição do habitat, que claramente tem reduzido o tamanho de populações locais levando muitas a extinção. A extração da espécie tem sida tão intensa na região de ocorrência que a diversidade genética das populações remanescentes pode estar muito comprometida por deriva genética e endogamia (Lemes et al., 2003; Novick et al., 2003 ; Lemes et al., 2010).

Ações de conservação

1.2.1.3 Sub-national level
Situação: on going
Observações: Vulnerável. Listavermelha da flora do Pará (COEMA-PA, 2007).

1.2.1.2 National level
Situação: on going
Observações: Ameaçada. Listavermelha da flora do Brasil (MMA, 2008), anexo 1.

1.2.1.1 International level
Situação: on going
Observações: Vulnerável. A1cd+2cd. Lista vermelha IUCN 2011 (World Conservation Monitoring Centre, 1998)

1.2.1.1 International level
Situação: on going
Observações: Incluída no apêndice II da CITES (2002).

Referências

- LEMES, MARISTERRA R. Flexible mating system in a logged population of Swietenia macrophylla King (Meliaceae): implications for the management of a threatened neotropical tree species, 2007.

- LEMES, MARISTERRA R. Genetic structure of Mesoamerican populations of Big-leaf mahogany (Swietenia macrophylla) inferred from microsatellite analysis, 2003.

- GULLISON, R.E. Ecology and management of mahogany (Swietenia macrophylla King) in the Chimanes Forest, Bed, Bolivia, 1996.

- SAKURAGUI, C.M.; STEFANO, M.V.; CALAZANS, L.S.B. Meliaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil, Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB023802>.

- WORLD CONSERVATION MONITORING CENTRE. Swietenia macrophylla in IUCN Red List of Threatened Species. Version 2011.2., IUCN. IUCN. Disponivel em: <www.iucnredlist.org>. Acesso em: 08 fev. 2012.

- GROGAN, J.; SCHULZE, M.; GALVÃO, J. Survival, growth and reproduction by big-leaf mahogany (Swietenia macrophylla) in open clearing vs. forested conditions in Brazil. New Forests, v. 40, n. 3, p. 335-347, 2010.

- PENNINGTON, T. D. Flora Neotropica: Meliaceae. Monograph 28. New York, NY: New York Botanical Garden, 1981. 395-400 p.

- GROGAN, J.; BARRETO, P.; VERÍSSIMO, A. Mahogany in the Brazilian Amazon: Ecology and Perspectives on Management. Belém, PA: Imazon, 2002. 44 p.

- LEMES, M. R.; GRIBEL, R.; PROCTOR, J.; GRATTAPAGLIA, D. Population genetic structure of mahogany (Swietenia macrophylla King, Meliaceae) across the Brazilian Amazon, based on variation at microsatellite loci: implications for conservation. Molecular Ecology, v. 12, n. 11, p. 2875-2883, 2003.

- NEWTON, A.; OLDFIELD, S.; FRAGOSO, G. ET AL. Towards a Tree Conservation atlas: Mapping the status and distribution of the world?s threatened trees species. UNEP-WCMC/FFI, 2003.

- BAIMA, A. M. V. O Status de Swietenia macrophylla King (Mogno) em duas ?orestas exploradas no Estado do Pará: O caso de Marabá e Rio Maria, Belém, PA, Universidade Federal do Pará, 2001.

- GROGAN, J. E. Bigleaf mahogany (Swietenia macrophylla King) in southeast Pará, Brazil: a life history study with management guidelines for sustained production from natural forests. PhD Dissertation. New Haven: Yale University, 2001.

- LEMES, M. R.; DICK, C. W.; NAVARRO, C.; LOWE, A. J.; CAVERS, S.; GRIBEL, R. Chloroplast DNA Microsatellites Reveal Contrasting Phylogeographic Structure in Mahogany (Swietenia macrophylla King, Meliaceae) from Amazonia and Central America, Tropical Plant Biology (Print), p.40-49, 2010.

- NOVICK, R. R.; DICK, C. W.; LEMES, M. R.; NAVARRO, C.; CACCONE, A.; BERMINGHAM, E. Genetic structure of Mesoamerican populations of big-leaf mahogany (Swietenia macrophylla) inferred from microsatellite analyses, Mol Eco, v.12, n.11, p.2885-2893, 2003.

- CONSELHO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE, PARÁ. Resolução COEMA nº 54 de 24 de outubro de 2007. Homologa a lista de espécies da flora e da fauna ameaçadas no Estado do Pará., Belém, PA, 2007.

- MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Instrução Normativa n. 6, de 23 de setembro de 2008. Espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção e com deficiência de dados, Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 24 set. 2008. Seção 1, p.75-83, 2008.

Como citar

CNCFlora. Swietenia macrophylla in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Swietenia macrophylla>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 03/05/2012 - 18:07:20